Aqui não pretendo fazer uma biografia exata de Hilda, nem uma análise. Apesar de raras na internet, é possível encontrar ambas. Raras porque Hilda sempre teve um falatório em torno dela. Vamos fazer as contas? Década de 30, nasce uma garota numa família rica do interior. O pai, fazendeiro e poeta, é internado em certa idade devido à sua "loucura". A filha - Hilda- começa a escrever poesia aos 18 e aterroriza a mãe, que temia que ela terminasse como seu pai. Dona de uma beleza estonteante, entrou na faculdade mais tradicional do país - Faculdade de Direito do Largo São Francisco, que na época era "lugar de homem". Chocou a sociedade da época com seu jeito avant-garde e progressista para a época. Na década de 60 se mudou para um sítio isolado a 11km de Campinas, nomeado de "A Casa do Sol". Escritora com maestria de poesia, prosa, crônica e teatro, era julgada como "a velha louca da Casa do Sol". "Louca" tanto porque sua literatura era tido por muitos como hermética, de difícil compreensão e de raros estudos como por ter abordado temas como o homem (lato sensu), o corpo, deus e o sexo de uma forma muito peculiar e poética. Sua linguagem é explosiva, inaugural. Há um fluxo de pensamento muito peculiar, fugindo da lógica cronológica comum. A escolha lexical é ora barroca, ora pós-modernista. Ocorre a presença de uma prosa poética , justamente a característica mais marcante da escritora.
Agora vou falar a verdade: não comecei a ler Hilda esperando grande coisa. Mergulhei na literatura dela no início devido a uma versão bem contada (fofoca? oi?) das peripécias de Hilda em Paris com Marlon Brando.
(extraído de http://oultimosoprodehildahilst.blogspot.com/)
Hilda Hilst: Eu queria muito conhecer o Marlon Brando, achava-o lindo, e então me tornei namoradinha do Dean Martin só pra ficar perto do Marlon. Mas eu não conseguia essa aproximação de jeito nenhum. Me vi obrigada a agüentar o Dean bêbado vários dias e, como ele não me apresentava o Marlon, resolvi ir ao hotel onde ele estava, dei uma linda gorjeta ao porteiro e perguntei o número do quarto dele. Cheguei lá, bati na porta, esperei uns dez minutos. Marlon Brando apareceu com um extraordinário robe de seda, acompanhado do ator francês Christian Marquand, que, anos depois, revelou ser seu amante. Eu estava acompanhada de uma amiga, a Marina de Vincenzi, e meio de pileque. Disse-lhe que queria fazer uma entrevista. Mas eu só olhava para os pés dele e não sabia o que dizer. Aí ele falou: “Só porque você é bonita acha que pode acordar um homem a essa hora da noite?” Ele achou graça, foi educadíssimo, mas eu não consegui entrar no quarto e dormir com ele. Fiquei decepcionadíssima. Naquela noite, novamente, ele tinha escolhido o Marquand...
Boas festas a todos!