sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O maior câncer da humanidade?

Dia desses eu vi um cartaz fixado num canto da faculdade. Ele dizia: lutemos contra as agressões sofridas por negros, mulheres e homossexuais. Eu estava lá lendo, entretido e satisfeito com a iniciativa, e resolvi comentar com uma amiga, nossa, que legal!. A resposta dela veio num instante: E as sofridas por homens, brancos e héteros?! Rapidamente, pensando ser uma brincadeira dela mas com um pé atrás, tentei liquidar o assunto: É claro que as agressões desses também são importantes, mas é que aqueles grupos ainda são minorias subjugadas e precisam de uma atenção maior, por isso não existe orgulho hétero ou orgulho branco... Mas, pra minha surpresa, ela tinha falado sério! Ela não acreditava que essa luta por direitos especiais era justa, porque a Constituição já assegurava isonomia entre os cidadãos.

Foi aí que eu parei pra pensar. Primeiro, óbvio que pra ela - rica, branca e hétero -, todos os direitos estavam assegurados. Mas por que raios há ainda, hoje em dia, essa divisão? Após algum tempo brisando, cheguei a um palpite daquilo que talvez seja o maior câncer da humanidade: o cristianismo. E com isso não quero desvalidar a crença de ninguém, muito pelo contrário, acho legal que cada um acredite no que quiser.... até o ponto em que isso não atinja outrem.

"Como asseem?!". Vamos lá. O início de "tudo"? Jesus. Se é que ele existiu, ele foi um cara legal com boas intenções. Porém, todaviaa, no entando, a partir do momento em que a religião passou a ser utilizada como intrumento de manipulação de massas (principalmente escravos) que aderiam cada vez mais ao cristianismo, ela cristalizou valores arcaicos e impôs isso àqueles discordantes. Aí alguém se pergunta: "intrumento de manipulação de massa?" Resposta: vide os motivos pelos quais escravos, no início, foram os maiores adeptos: sofrimento e pobreza. E afinal, não é o cristianismo a religião que preza o sofrimento como meio de purificação - desde a autoflagelação até o peso na consciência por pecar-, a transcendência e perfeição inatingíveis - Deus é perfeito e está no céu (lugar abstrato)?

Que bela ferramenta dos que estavam no poder à epoca, não é mesmo? "Escravos, pobrinhos, população em geral, o sofrimento é bom! Continuem assim. Agora nós vamos escrever um livro e vocês sigam-no à risca, ok?" Eis que surge a Bíblia, apregoando valores "interessantes" para o séc I. "Homem com homem não, é preciso reprodução para crescer a população combativa do Império. Portanto, bota aí no livro que Deus abomina relações homossexuais ." Mas, A., e as mulheres? Deus não abomina as relações sexuais entre mulheres? Meu caro, a mulher era tão subjugada que muitas vezes a Bíblia nem as mencionava. Elas foram criadas a partir da costela de Adão, uau, e serviam como estufa para novos homens.

Alguém: Ah, mas isso foi no século I! Qual o problema desses valores cristalizados lá atrás? Eles já eram vigentes antes de a Bíblia ser escrita mesmo...
Eu palpito: Pois é, mas foi essa quem barrou a possibilidade de novas mudanças, dá uma olhadinha na delícia que foi a Idade Média...


Alguém: Mas como "só mais uma" religião se tornou tão forte assim?
Eu palpito: Talvez pelo momento histórico em que ela surgiu, ela se enquadrou muito bem às relações fáticas de então e aí se tornou uma bola de neve

Alguém: Bola de neve?
Eu: Aham. Você não conhece o Kazantzakis?

Alguém: Kazantzzwho?
Eu: Níkos Kazantzakis, um pensador grego do séc XX. Ele estabeleceu uma relação  dual entre deus e o homem.

Alguém: Como assim dual?
Eu: Para ele, a existência de deus depende dos homens. Ele depende de gente que acredite nele e que o louve para que ele continue "existindo", do mesmo modo que o homem não pode se desfazer de deus, pois encontra neste uma alienação, um subterfúgio para os horrores da realidade. Em outras palavras, deus é a bengala do homem e o homem é a bengala de deus. É uma existência interligada, é a criação que se tornou o criador.

Alguém: E que deus é esse?
Eu: Na minha opinião, é o Deus do cristianismo. Esse se confunde com o cristianismo em si. Não confundir esse Deus do cristianismo com uma ideia geral de deus.

Alguém: É tipo uma mentira bem contada...
Eu: Que se torna verdade? Sim!

Pronto, dei uma visão geral da minha opinião sobre isso. Para chegar aonde? Gente, estamos no séc XXI! Com isso não quero dizer 'nossa, como tem gente que acredita nisso?', mas sim 'como é possível que ainda tentem impor essas opiniões em um Estado Democrático de Direito?!'. Por que será que o Brasil ainda não aprovou a união civil gay? Ou o aborto? Como explicar que mulheres sejam submissas ainda hoje? E gays sejam vistos como 'invertidos'? Cadê o Estado laico? Qué-dê?? Será que é porque o Brasil tem FORTES resquícios do cristianismo arraigados? Será que é por isso que é tão difícil se desvencilhar desses obstáculos, como as bancadas religiosas no Congresso, e efetivar a plena realização dos direitos?

Eu acredito que sim. A luta se torna mais difícil ainda por causa disso, é só olhar a aprovação do casamento gay na Argentina. E mesmo contra a maré, os hermanos deixaram a gente pra trás.

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