sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Homenagem de final de ano

É, acho que 2010 já pode virar em paz. I sucked out all the marrow out of it. Sem dúvidas, foi o melhor ano da minha vida. E devo isso, em parte, àquela que é na minha opinião a mulher brasileira mais importante da literatura do séc XX: Hilda Hilst.

Aqui não pretendo fazer uma biografia exata de Hilda, nem uma análise. Apesar de raras na internet, é possível encontrar ambas. Raras porque Hilda sempre teve um falatório em torno dela. Vamos fazer as contas? Década de 30, nasce uma garota numa família rica do interior. O pai, fazendeiro e poeta, é internado em certa idade devido à sua "loucura". A filha - Hilda- começa a escrever poesia aos 18 e aterroriza a mãe, que temia que ela terminasse como seu pai. Dona de uma beleza estonteante, entrou na faculdade mais tradicional do país - Faculdade de Direito do Largo São Francisco, que na época era "lugar de homem". Chocou a sociedade da época com seu jeito avant-garde e progressista para a época. Na década de 60 se mudou para um sítio isolado a 11km de Campinas, nomeado de "A Casa do Sol". Escritora com maestria de poesia, prosa, crônica e teatro, era julgada como "a velha louca da Casa do Sol". "Louca" tanto porque sua literatura era tido por muitos como hermética, de difícil compreensão e de raros estudos como por ter abordado temas como o homem (lato sensu), o corpo, deus e o sexo de uma forma muito peculiar e poética. Sua linguagem é explosiva, inaugural. Há um fluxo de pensamento muito peculiar, fugindo da lógica cronológica comum. A escolha lexical é ora barroca, ora pós-modernista. Ocorre a presença de uma prosa poética , justamente a característica mais marcante da escritora.

Agora vou falar a verdade: não comecei a ler Hilda esperando grande coisa. Mergulhei na literatura dela no início devido a uma versão bem contada (fofoca? oi?) das peripécias de Hilda em Paris com Marlon Brando.

(extraído de http://oultimosoprodehildahilst.blogspot.com/)





Hilda Hilst: Eu queria muito conhecer o Marlon Brando, achava-o lindo, e então me tornei namoradinha do Dean Martin só pra ficar perto do Marlon. Mas eu não conseguia essa aproximação de jeito nenhum. Me vi obrigada a agüentar o Dean bêbado vários dias e, como ele não me apresentava o Marlon, resolvi ir ao hotel onde ele estava, dei uma linda gorjeta ao porteiro e perguntei o número do quarto dele. Cheguei lá, bati na porta, esperei uns dez minutos. Marlon Brando apareceu com um extraordinário robe de seda, acompanhado do ator francês Christian Marquand, que, anos depois, revelou ser seu amante. Eu estava acompanhada de uma amiga, a Marina de Vincenzi, e meio de pileque. Disse-lhe que queria fazer uma entrevista. Mas eu só olhava para os pés dele e não sabia o que dizer. Aí ele falou: “Só porque você é bonita acha que pode acordar um homem a essa hora da noite?” Ele achou graça, foi educadíssimo, mas eu não consegui entrar no quarto e dormir com ele. Fiquei decepcionadíssima. Naquela noite, novamente, ele tinha escolhido o Marquand...

 E foi a partir daí que eu me viciei nessa mulher, que abriu minha cabeça de um jeito sensacional e me fez olhar o mundo sob outros ângulos totalmente novos! Engraçado que muitos fãs hilstianos ficam curiosos com a suposta rivalidade literária entre ela e a Clarice Lispector. Comparações é que não faltam. "Clarice é vinho, Hilda é uísque. Clarice é lady, Hilda grita o mundo". Um poeta amigo meu que conheceu a Hilda e parte do círculo social literário dela disse que a Hilda só começou a escrever prosa (em 1970, com "Fluxo Floema) para concorrer com a Clarice. Uma espécie de megalomania. E talvez tenha dado certo, já que Clarice chegou a declarar que gostaria de ser tão boa escritora quanto Hilda Hilst (se isso foi um sarcasmo tácito eu já não sei...) Apesar de corrente minoritária, da qual me orgulho muito de ser parte, digo alto que você foi e ainda é a mulher mais brilhante da nossa literatura, Hildinha. Descanse em paz em Marduk! Quero muito de você pra mim em 2011. E que venha o Reveillon! TUDO DE NOVO, TUDO NOVO.

Boas festas a todos!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Então é Natal

Ou como diria a Katylene, blogayra mais famosa de 2010 e DJ da Balada Mixta - a melhor -, é anal-tal. Rs Ótimo época do ano pra dizer que vc ama as pessoas que vc ama, bla bla bla. E também pra sair do armário! Não acredito muito que sua família faça um barraco em pleno dia do aniversário do menino deus hahaha. Talvez ano que vem eu aproveite essa época do ano pra dar essa uva pra minha família chupar, por mais dificil que isso pareça ser exatamente agora.

Então, feliz natal para todos os poucos leitores desse blog!! hahaha


Vou fechar o post com um vídeo dELA. Um video "caseiro", câmera na mão, frente da pista. Sem truque, pra mostrar o monstro que essa britânica skinny de 1,60m é em cima de um palco. Vem Amy, vem!!! Só 20 dias pra eu ir no teu show, já pode comemorar?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sobre baladas, encontros e tédio

E então sábado foi dia de balada. Uma das minhas prediletas ever, boa música, engraçadíssima, animada com gente bonita e tolerante. Ok, bebi um pouco demais e entrei torto lá.. Mas nada de mais também, só a ponto de me tornar um pouquinho mais promíscuo, mas com a memória 90%.
Foi dia de comprovar coisas. Uma: balada gay ou bi é mais putaria do que balada ht. Menos de 40 min na pista e 4 caras chegaram em mim. Com mão boba, ou sem camisa... Vergonha alheia huaha, pelo menos eram todos gatos.
Comprovei também que não me dou muito bem com gente da minha idade (digo pra me relacionar). Eu pensei que eu sempre era atraído por caras mais velhos, mas descobri que o contrário também acontece. Andando brisado pela balada sábado, dou de cara com esse cara. Mais alto que eu, o que é bom e difícil de encontrar. Mais velho (10 anos). Bonito, bem vestido. Um beijo perto dos inigualáveis. No final da balada ainda anotou o nome num pedaço de papel, me fez prometer que eu iria procurá-lo e... ainda me trouxe de carro em casa! Jesuis..
Tive de ir procurá-lo essa semana hahaha. Adicionei no face, mantivemos contato. E é aí que chega a merda.
Sexta agora vai rolar uma balada incrívell, era o dia perfeito pra sair com o boy de novo.. Não fosse essa dor de garganta, febre, mal estar e feridinhas que surgiram na minha boca após a temperatura cair pela metade em menos de dois dias. Eu sempre tive isso, é péssimo! E foda é o boy pensando que é desculpa pra enrolar ele, dando uma de hard to get hahaha. Enfim, paciência, néam...

Pra matar o tédio de ficar em casa com a cabeça lá no boy e na buatchy, nada melhor do que maratona de seriados. Ultimamente to viciado em Glee. Acho muito legal como o Colfer virou ativista em campanhas como It Gets Better com toda a sua influência adquirida no mundo por causa do seriado, ou como aquele lymdo do Jonathan Groff finalmente tá recebendo a atenção que merece. Isso sem falar nos talentos da Amber e da Lea, que deixam qualquer um boquiaberto.

Pra finalizar o post, deixo o vídeo do cast de Glee no XFactor. Achei engraçado por duas coisas:  Uma: a velha e clássica rivalidade tácita entre americanos e britânicos. Outra: Há algum tempo, a Amber Riley tentou participar do American Idol e foi rejeitada pelo Simon Cowell. Nesse vídeo do XFactor, dá pra perceber a resposta dela ao Simon (que, na minha opinião, é um escrotinho) a partir dos 4:00. Um sonoro CHUPA ESSA UVA. ahhahaha ahazou, Amber.


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A nossa Liberty Avenue

O que é que está havendo com a Paulista, miagente? Lá sempre foi o meu lugar preferido pra sair, seja pra barzinho, cinema ou balada. Agora, mais que de repente, temos um surto de ataques homofóbicos. É um tanto paradoxal: na região mais gay-friendly de São Paulo. Semana passada vi um cara correndo atrás de outro com uma barra de ferro na mão na Augusta. Isso me lembrou um dos maus momentos retratados por Queer as Folk.

QAF é um dos meus seriados favoritos. De uma forma engraçada, leve, séria e sexy ele mostra muita realidade. Por ex., o uso excessivo de crystal e poppers, ou os gay bashings, ou a forma com que há uma tentativa de higienismo por parte de políticos (só faltou um Silas Malafaia lá hahaha).

Lembro quando surgiu aquele prefeito, o Stockwell, e quase acabou com a Liberty Avenue. E quando aquele menino que fazia performances foi atacado nessa mesma avenida, levando à criação daquele grupo - O pink power (era isso?). Tudo só foi resolvido com a união do grupo e a batalha, com a Deb botando a boca no trombone (oi?)




O que nos vai ser preciso para podermos andar em paz novamente onde quisermos?

Que asco desses grupos antialgo. Get a life, you cunts.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O maior câncer da humanidade?

Dia desses eu vi um cartaz fixado num canto da faculdade. Ele dizia: lutemos contra as agressões sofridas por negros, mulheres e homossexuais. Eu estava lá lendo, entretido e satisfeito com a iniciativa, e resolvi comentar com uma amiga, nossa, que legal!. A resposta dela veio num instante: E as sofridas por homens, brancos e héteros?! Rapidamente, pensando ser uma brincadeira dela mas com um pé atrás, tentei liquidar o assunto: É claro que as agressões desses também são importantes, mas é que aqueles grupos ainda são minorias subjugadas e precisam de uma atenção maior, por isso não existe orgulho hétero ou orgulho branco... Mas, pra minha surpresa, ela tinha falado sério! Ela não acreditava que essa luta por direitos especiais era justa, porque a Constituição já assegurava isonomia entre os cidadãos.

Foi aí que eu parei pra pensar. Primeiro, óbvio que pra ela - rica, branca e hétero -, todos os direitos estavam assegurados. Mas por que raios há ainda, hoje em dia, essa divisão? Após algum tempo brisando, cheguei a um palpite daquilo que talvez seja o maior câncer da humanidade: o cristianismo. E com isso não quero desvalidar a crença de ninguém, muito pelo contrário, acho legal que cada um acredite no que quiser.... até o ponto em que isso não atinja outrem.

"Como asseem?!". Vamos lá. O início de "tudo"? Jesus. Se é que ele existiu, ele foi um cara legal com boas intenções. Porém, todaviaa, no entando, a partir do momento em que a religião passou a ser utilizada como intrumento de manipulação de massas (principalmente escravos) que aderiam cada vez mais ao cristianismo, ela cristalizou valores arcaicos e impôs isso àqueles discordantes. Aí alguém se pergunta: "intrumento de manipulação de massa?" Resposta: vide os motivos pelos quais escravos, no início, foram os maiores adeptos: sofrimento e pobreza. E afinal, não é o cristianismo a religião que preza o sofrimento como meio de purificação - desde a autoflagelação até o peso na consciência por pecar-, a transcendência e perfeição inatingíveis - Deus é perfeito e está no céu (lugar abstrato)?

Que bela ferramenta dos que estavam no poder à epoca, não é mesmo? "Escravos, pobrinhos, população em geral, o sofrimento é bom! Continuem assim. Agora nós vamos escrever um livro e vocês sigam-no à risca, ok?" Eis que surge a Bíblia, apregoando valores "interessantes" para o séc I. "Homem com homem não, é preciso reprodução para crescer a população combativa do Império. Portanto, bota aí no livro que Deus abomina relações homossexuais ." Mas, A., e as mulheres? Deus não abomina as relações sexuais entre mulheres? Meu caro, a mulher era tão subjugada que muitas vezes a Bíblia nem as mencionava. Elas foram criadas a partir da costela de Adão, uau, e serviam como estufa para novos homens.

Alguém: Ah, mas isso foi no século I! Qual o problema desses valores cristalizados lá atrás? Eles já eram vigentes antes de a Bíblia ser escrita mesmo...
Eu palpito: Pois é, mas foi essa quem barrou a possibilidade de novas mudanças, dá uma olhadinha na delícia que foi a Idade Média...


Alguém: Mas como "só mais uma" religião se tornou tão forte assim?
Eu palpito: Talvez pelo momento histórico em que ela surgiu, ela se enquadrou muito bem às relações fáticas de então e aí se tornou uma bola de neve

Alguém: Bola de neve?
Eu: Aham. Você não conhece o Kazantzakis?

Alguém: Kazantzzwho?
Eu: Níkos Kazantzakis, um pensador grego do séc XX. Ele estabeleceu uma relação  dual entre deus e o homem.

Alguém: Como assim dual?
Eu: Para ele, a existência de deus depende dos homens. Ele depende de gente que acredite nele e que o louve para que ele continue "existindo", do mesmo modo que o homem não pode se desfazer de deus, pois encontra neste uma alienação, um subterfúgio para os horrores da realidade. Em outras palavras, deus é a bengala do homem e o homem é a bengala de deus. É uma existência interligada, é a criação que se tornou o criador.

Alguém: E que deus é esse?
Eu: Na minha opinião, é o Deus do cristianismo. Esse se confunde com o cristianismo em si. Não confundir esse Deus do cristianismo com uma ideia geral de deus.

Alguém: É tipo uma mentira bem contada...
Eu: Que se torna verdade? Sim!

Pronto, dei uma visão geral da minha opinião sobre isso. Para chegar aonde? Gente, estamos no séc XXI! Com isso não quero dizer 'nossa, como tem gente que acredita nisso?', mas sim 'como é possível que ainda tentem impor essas opiniões em um Estado Democrático de Direito?!'. Por que será que o Brasil ainda não aprovou a união civil gay? Ou o aborto? Como explicar que mulheres sejam submissas ainda hoje? E gays sejam vistos como 'invertidos'? Cadê o Estado laico? Qué-dê?? Será que é porque o Brasil tem FORTES resquícios do cristianismo arraigados? Será que é por isso que é tão difícil se desvencilhar desses obstáculos, como as bancadas religiosas no Congresso, e efetivar a plena realização dos direitos?

Eu acredito que sim. A luta se torna mais difícil ainda por causa disso, é só olhar a aprovação do casamento gay na Argentina. E mesmo contra a maré, os hermanos deixaram a gente pra trás.